quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"O Educador Social numa ERPI: uma experiência sustentada na partilha" | VII ENES Bragança


Quando recebi o convite para realizar uma comunicação no âmbito do meu trabalho com pessoas idosas, não hesitei mas, no entanto, refleti imenso sobre os conteúdos que iria abordar. 
O mais importante, na minha opinião, seria, inequivocamente, a transmissão do meu dia a dia e do meu investimento nas emoções para "fazer" educação social!
A primeira ideia que lancei foi a seguinte:
E se nós, Educadores(as) Sociais, possuíssemos uma Mala (de ferramentas) onde, frequentemente, fossemos buscar algum tipo de material (ou conhecimento) que nos permitisse desenvolver uma intervenção (atividades) de qualidade?
Certamente tudo ficaria mais simples. Levei, então, literalmente, uma Mala (antiga) que, em sentido figurado, permitiu estabelecer certas analogias com a realidade do meu trabalho enquanto Educador Social ao longo deste curto (mas interessante do meu ponto de vista) percurso profissional.
Não sendo muito dado a formalidades, o primeiro objeto que retirei da Mala foi, precisamente, um coração (em balão) para que assim pudesse proferir todos os agradecimentos: público (sem ele nada feito), comissão organizadora, Apes e à Escola Superior de Educação de Viseu que possibilitou aos seus alunos, docentes e antigos alunos a presença no VII ENES Bragança por meio da cedência de um autocarro.
Bem, mas o coração serviu, também, para outra coisa. De acordo com Paulo Freire, um grande educador, para se educar, são fundamentais três "qualidades":
  1. Humildade;
  2. Fé;
  3. Amor (daí o coração).
Como diz o jornalista: "isto anda tudo ligado"!
É com grande tónica nas competências sociais e humanas que o(a) Educador(a) Social pode marcar a diferença na vida das pessoas, sobretudo quando falamos de pessoas idosas.
Voltando à Mala ... Qual o seu significado nesta comunicação?
A Mala representa todas as ferramentas que, enquanto Educadores(as) Sociais, conseguimos reunir. Podemos questionar: o que são essas ferramentas?
No meu caso, genericamente, as minhas ferramentas são:
  1. Licenciatura (diploma) em Educação Social (algo absolutamente necessário e imprescindível à prática desta atividade profissional. Mas será suficiente?);
  2. Voluntariados (todos os voluntariado acabaram por simplificar a minha atividade profissional como Educador Social numa ERPI, mas, fundamentalmente, o realizado no Hospital S. Teotónio que me proporcionou a oportunidade de interagir com pessoas idosas);
  3. O futebol (durante anos pratiquei este desporto que, aliado à frequência do curso de desporto no ensino secundário, proporcionou que pudesse elaborar um programa de atividade física (ginástica sénior) na instituição onde trabalho);
  4. Ser Clown (palhaço) desde os 17 anos (possibilitou-me, talvez, a mais rica oportunidade de reunir e desenvolver competências sociais e humanas que alguma vez tive. Sem dúvida umas das melhores atividades que desenvolvi e que tem um impacto muito positivo na minha atividade como Educador Social);
  5. (...).
Enfim, de muitas outras experiências poderia falar ...Mas penso que a ideia-chave que pretendo transmitir é compreendida: a nossa Mala de Ferramentas é constituída pelas mais diversas experiências que fomos adquirindo ao longo do tempo. Cada uma delas irá enriquecer a nossa experiência bem como contribuir para sermos profissionais mais capazes!
Não poderei descrever tudo o que "conversei" com o público, mas gostaria de deixar as ideias finais, para reflexão:
  1. As atividades brilhantes NÃO são aquelas que nós, técnicos(as), consideramos como tal. As VERDADEIRAS atividades brilhantes SÃO aquelas que cada idoso nos vem propor ... (referi esta ideia no I ENES em Lisboa, Casa Pia e continuo a partilha-la);
  2. Com diria Esquível, prémio nobel da paz Argentino, ainda nos falta imenso para podermos ser apelidades de SERES HUMANOS. Para tal muito poderá contribuir o trabalho do(a) Educador(a) Social. 
  3. Ainda Esquível diz-nos que quando uma Utopia deixar de o ser ... Criem de imediato outra. Na minha opinião é isto que dá sentido ao trabalho de um(a) Educador(a) Social.  
Aprendi, também, nestes dias em Bragança e na relação com os meus colegas (de profissão), mas também de outros seres humanos fantásticos, que este tipo de iniciativas vão muito mais além do que um simples Encontro. É ao valorizar as pessoas que nos valorizamos, é ao partilhar que saímos mais ricos de toda e qualquer situação ...
Este fim de semana serviu para crescer profissionalmente com todos os contributos, mas também para crescer pessoalmente. No caso da profissão do(a) Educador(a) Social estes crescimentos são indissociáveis e faz com que esta atividade profissional seja tão nobre e especial ;)  
Ruben Amorim. Educador Social. VII ENES Bragança. 29 de novembro 2014.



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