quarta-feira, 4 de abril de 2012

Comunicação no I Encontro de Educadores Sociais - Casa Pia Lisboa - "Educação Social, Envelhecimento e Empreendedorismo"

Começo por fazer apelo para que se recordem do desafio que vos coloquei no I Encontro de Educadores Sociais – Casa Pia – Lisboa, a realização de pequenos exercícios de actividade física.
O desafio consistia em romper com os paradigmas de comunicações neste tipo de eventos. Pois bem, esta situação não foi provocada em vão. O objectivo foi metaforizar em dois sentidos: 1) a energia, a dinâmica, a proactividade, a vivacidade e a criatividade que a Educação Social merece e precisa no nosso Portugal e 2) mostrar aos(às) colegas Técnicos(as) Superiores de Educação Social que os meus dias de trabalho, junto de pessoas idosas, começa bem cedo com actividade física, com acção e intervenção no terreno, com alegria e com vontade por parte dos residentes da Organização onde laboro.
Na minha opinião a Educação Social necessita de reforçar a sua imagem de união que se traduz numa troca de aprendizagens e experiências constante. Concomitantemente, é fundamental que todos os(as) Educadores(as) Sociais se relacionem com horizontalidade, onde não existe o título de Dr. Ou Mestre, mas sim o termo colega, pois é disso que se trata. Esta cultura que vigora no nosso país contribui, na minha opinião, para o afastamento entre as pessoas.
Devem ser criadas iniciativas e eventos onde as pessoas possam experimentar as situações e não sejam meros agentes passivos na absorção da informação. Pelo contrário, devem ser os próprios a produzir informação. Assim, deve ser realizada uma aposta na diferenciação entre as profissões sociais, onde os(as) Educadores(as) Sociais tenham uma posição inovadora e consigam definir a sua intervenção, sem que para isso seja necessário recorrer a outras profissões, como é o caso dos Técnicos de Serviço Social. A Educação Social tem de construir a sua identidade no terreno e não no papel. Não descuro o aspecto teórico, pois sem esse não existiria o nosso curso, mas a teoria existe porque existe a Educação Social que é fruto de experiências e de relações.
Nesta perspectiva, este I Encontro de Educadores Sociais é uma iniciativa que muito orgulha os(as) Educadores(as) Sociais, pois é no contacto entre pessoas que fazemos crescer a Educação Social.
No âmbito do envelhecimento estou certo que o(a) Educador(a) Social tem um papel premente. Todavia, o(a) técnico(a) que idealizo é alguém que vai para o terreno, ouve as necessidades e expectativas das pessoas idosas e contribui para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas. Costumo afirmar que o(a) melhor Educador(a) Social não é aquele(a) que desenvolve actividades brilhantes, mas sim aquele(a) que recebe propostas de actividades brilhantes e que vai ao encontro dos interesses das pessoas idosas de forma individualizada e personalizada.
Actualmente os casos inerentes ao envelhecimento não são os mais positivos, basta recorrer às últimas notícias onde vários idosos são abandonados e entregues à solidão, acabando por partir sós, sem apoio e dignidade. Eu acredito que o(a) Educador(a) Social não pode baixar os braços. Deve ser inovador e criativo, solucionando todas estas problemáticas. É dever inerente à função do(a) Educador(a) Social fazer entender o poder político, bem como a sociedade em geral que a área social não pode ser esquecida.
Relativamente à minha curta experiência apenas gostaria de salientar que o conceito chave da minha intervenção é a CRIATIVIDADE. A escassez de recursos actuais, bem como a sua racionalização imprescindível (ambientais) fazem com que sejamos mais criativos. Para ser inovador basta acrescentar mais-valias aos processos e não é necessariamente fundamental que se criem novos produtos ou serviços. É pertinente que dediquemos a atenção necessária às pessoas idosas e que sejamos diferentes na intervenção, que proporcionemos experiências diferentes, sempre com respeito pelos seus valores e interesses.
Contudo, a importância reside na criação de novos projectos, novas abordagens de intervenção, pois o que é ser idoso hoje não o é ser amanhã. De modo a aumentar a nossa motivação no trabalho com pessoas idosas basta pensar que ao contribuir para a sua melhoria da qualidade de vida, encontramo-nos a contribuir para a nossa defesa enquanto futuros idosos, com quase toda a certeza envolvidos por problemas diferentes.
O último conceito do tema inerente à minha comunicação é o empreendedorismo. A maior parte de nós já pensou em criar um negócio, no entanto, vamos adiando e ao mesmo tempo vamos verificando que as nossas ideias vão sendo colocadas em prática por outras pessoas. Esta hesitação subjaz da educação que temos em Portugal. Somos quase formatados para trabalhar por conta de outrem e não nos mostram o outro caminho, o caminho da criação do próprio emprego.
Existe essencialmente três tipos de empreendedorismo, o individual, o corporativo ou intraempreendedorismo, e o social. Penso que os(as) Técnicos(as) Superiores de Educação Social podem arriscar em qualquer um deles, de modo a terminar com pessoas sem sensibilidade social que investem e se tornam mentores de projectos sociais. Aqui eu questiono: Porque não os(as) Educadores(as) Sociais a criar estes negócios? Seria até uma forma de nos diferenciarmos, de demonstrar que temos competências mais além do que as pessoas identificam.
Quando temos uma ideia ou verificamos uma oportunidade empresarial, as etapas são as seguintes:
- Geração e Concepção das Ideias
- Identificação de oportunidades
- Análise da viabilidade da Ideia
- Selecção da Ideia
- Desenvolvimento do conceito de negócio
- Desenvolvimento do produto/serviço
É necessário que sejamos autenticamente idiotas, pois temos que reunir muitas ideias, seleccionando, por fim, a que melhor se adapta às necessidades do mercado . Depois só temos que desenvolver o nosso conceito de negócio e criar os nossos produtos e/ou serviços.
Relativamente a uma proposta de ideia de negócio (PIN):
A. Breve descrição do conceito e do negócio
B. A oportunidade (necessidade sentida no mercado)
C. Mercado/Clientes
D. Produto ou serviço a oferecer
E. Estratégia, operações (como vender)
F. Resumo do plano financeiro
G. A equipa de gestão/promotores
De modo a reflectirmos um pouco deixo as seguintes questões retóricas:
Será que todos nós contribuímos para o crescimento da Educação Social em Portugal? Porque são outros profissionais a criar negócios na área social? Podem Técnicos(as) Superiores de Educação Social ser empreendedores? Peço então a todos(as) os(as) colegas que Partilhem experiências, partilhem aprendizagens, unam-se para a contribuição da excelência na Educação Social… Relativamente ao caos do desemprego, lembrem-se que a era da empregabilidade foi ultrapassada e agora vive-se a era da trabalhabilidade. Este é um novo desafio, onde eu já não posso dizer que procuro emprego, mas sim que procuro trabalho. Reúnam o máximo de competências possível, pois o futuro do mercado de trabalho é cada vez mais instável. Nunca se esqueçam que podem trabalhar fora da área, mas não deixam de ser Educadores(as) Sociais.
Coloco-me ao vosso inteiro dispor de modo a partilhar experiências e aprendizagens, pois estou certo que a frase: “o segredo é a alma do negócio” terminou e acredito que este é o caminho para o desenvolvimento e afirmação da Educação Social no nosso país. Um abraço do vosso colega Ruben Amorim
amorimruben@gmail.com

(retribui este trabalho com um clic numa publicidade)
www.amorimruben.blogspot.com

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