quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Educador Social e o envelhecimento

Artigo disponível na integra no e-book
"O Educador Social nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas"
(pode solicitar o e-book CLICANDO AQUI)



O envelhecimento é um tema recorrente nos dias de hoje, assumindo-se como um dos assuntos mais em voga na nossa sociedade.
A perspectiva do envelhecimento tem imensas variáveis, nomeadamente:
- A cultura onde nos inserimos;
- A classe profissional que desempenhamos;
- As condições sociais e económicas do indivíduo que envelhece;
- A sua experiência vivida e marcada.
Enfim, o envelhecimento é individual e adaptativo, pois cada pessoa envelhece de maneira diferente e o envelhecimento produz mudanças (motoras, cognitivas e sociais) que requerem uma adaptação.

O Técnico Superior de Educação Social é um profissional com competências técnicas e pedagógicas que favorecem a adaptação destas mesmas alterações. Com efeito, este técnico superior intervém não só junto da pessoa idosa, mas igualmente das restantes faixas etárias.
A compreensão do que é o idoso é algo que supõe alguma maturidade, alguns princípios...
Julgo ser fundamental que as crianças recebam uma educação gerontológica, pois é pertinente que saibam viver em sociedade, com pessoas maioritariamente mais velhas e com outras necessidades.
Por outro lado, é importante que os nossos jovens olhem para o envelhecimento não como um obstáculo, mas sim como uma conquista e uma oportunidade. O envelhecimento tem de ser visto de uma forma positiva. Devemos atribuir à velhice aspectos mais favoráveis.

Vamos focar essencialmente, o trabalho do TS Educação Social num lar de idosos.

A intervenção pode ser processada a quatro níveis:
1 - Junto das pessoas idosas ou residentes;
2 - Junto dos restantes recursos humanos existentes;
3 - Junto dos familiares e/ou significativos dos residentes;
4 - Junto da comunidade envolvente.

Abordaremos apenas o ponto 1:
1 - Junto das pessoas idosas ou residentes.
A intervenção do TS Educação social junto das pessoas idosas, varia em função da pessoa idosa, isto é, dentro do mesmo espaço (lar) existe uma multiplicidade de personalidades, expectativas e motivações. Assim sendo, o trabalho deve ser personalizado e individualizado.
Contudo, existe a maior parte da intervenção (cerca de 75%) que tem de ser realizada para o grupo na sua globalidade (em grupo).
A primeira fase inerente a este ponto é a realização de um diagnóstico da população-alvo. É fundamental conhecer as necessidades e expectativas de cada um (apesar de muitas vezes serem reduzidas), os seus interesses e os seus hábitos. Não menos importante é conhecer a proporção do género (a maior parte são mulheres, devido à esperança média de vida), o nível de instrução (neste momento existe uma grande taxa de analfabetismo), enfim, o maior conhecimento possível.
A par deste diagnóstico é fundamental implementar uma mentalidade no nosso projecto. Por exemplo, o conceito de envelhecimento activo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que admite três dimensões, a biológica, a psicológica e a social. Penso que esta mentalidade é a melhor forma de encarar o envelhecimento, pois o idoso, é um ser capaz de produzir (ainda que de forma diferente). O objectivo é criar uma boa estrutura para desenvolver o nosso projecto.


Mediante o diagnóstico, as necessidades e expectativas dos clientes e da mentalidade que queremos incutir no projecto surgem as actividades a desenvolver. A selecção destas mesmas actividades deve ser realizada em função dos idosos. O conceito de empowerment é de importância irredutível. Só assim o idoso ganha consciência suficiente para lhe permitir participar activamente nas intervenções do Educador Social, bem como para assumir um papel activo no seu próprio envelhecimento.
Depois de realizado este trabalho rigoroso, entramos na elaboração do projecto.
Nesta fase convém assumir um papel pro-activo. É importante conhecer outras realidades, pedir opiniões a colegas, bem como a outros profissionais. Assim, podemos empregar alguma diversidade na nossa intervenção.
Passa-se a dar alguns exemplos:

Projecto de Educação para a Saúde.

A saúde congrega todas as dimensões do envelhecimento activo, logo, assume uma grande importância na vida das pessoas idosas. Concomitantemente, aparecem várias patologias associadas à velhice.
Neste sentido, como o TS Educação Social assume competências técnicas e pedagógicas neste âmbito podem desenvolver-se as seguintes actividades:

a) Cálculo mensal do Índice de Massa Corporal (IMC) de cada idoso (elaborando um relatório mensal e comparando com os meses anteriores. É possível também detectar anormalidade relacionados com o peso e assim é possível encaminhar para serviços especializados);

b) Reforço da hidratação (o corpo humano é constituído essencialmente por água, logo, torna-se importante em que os idosos se mantenham em condições óptimas de hidratação);

c) Introduzir no quotidiano temas como a alimentação equilibrada e prevenção de doenças através da adopção de hábitos de vida saudáveis, bem como debater os mesmos com os idosos;

d) Promover a prática da actividade física (seguindo as recomendações da OMS, cerca de 30 minutos diários). Na minha opinião este é um ponto-chave. Devido ao facto de as pessoas idosas manifestarem altos índices de analfabetismo, torna-se importantíssimo que as actividades e intervenções sejam maioritariamente práticas. Com efeito, recorrendo à actividade física podemos trabalhar:

- A parte motora do idoso;
- A parte cognitiva (quando realizamos jogos sensório-motores);
- A vertente cultural (como a música – podemos colocar os idosos a cantar entre a execução dos exercícios, bem como colocar uma música de fundo que se vá alterando ao longo dos dias);
- A vertente psicológica e emocional (pois a actividade física aumenta o nosso bem-estar físico e também psicológico);
- Aspectos relacionados com o grupo (como conflitos entre idosos etc).
- …

De facto a prática da actividade física permite a intervenção aos mais variados níveis. No que respeita ao meu trabalho assume uma pertinência irredutível, pois como a população tem índices elevados de analfabetismo é imperativo realizar actividades mais motoras.

e) Jogos de animação cognitiva
O jogo é a melhor forma de produzir aprendizagem. Não é só a criança que tem necessidade de se sentir em competição ou, melhor, em grupo. O objectivo primordial do jogo é transmitir a noção das regras, bem como de conhecimentos acerca de um determinado tema ou conjunto de temas.
A criatividade do Educador Social é uma das competências que lhe deve ser inerente. É possível criar diferentes jogos, diferentes dinâmicas que possibilitam e estimulam a actividade da pessoa idosa.
Para concluir, gostaria apenas de referir que devido à individualização requerida na intervenção junto das pessoas idosas, é necessário que o TS Educação Social seja detentor de competências humanas e técnicas capazes de dar bom seguimento a este tipo de acções. A criatividade é fundamental, bem como o conhecimento das necessidades e expectativas das pessoas idosas, pois para nós podem existir actividades excelentes, mas para este tipo de população podem não ser atractivas.
Apenas se referiu um projecto, mas podem e devem ser noutras áreas de interesse. Para terminar, gostaria de realçar a importância que a investigação no âmbito do envelhecimento proporciona ao nosso trabalho como Educadores Sociais. Precisamos de ser profissionais atentos ao que nos rodeia, pois só assim podemos compreender as evoluções e as mudanças que este Mundo Global nos proporciona.


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